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Tenho para mim que os comboios históricos da CP - Comboios de Portugal são relíquias demasiado preciosas para ficarem a ganhar pó num museu. Não que eu tenha alguma coisa contra lugares como o Museu Nacional Ferroviário - pelo contrário, conheço bem e adoro o museu -, mas creio ser justo dizer que, havendo condições para tal, o lugar desses vagões carregados de história é nas linhas ferroviárias do nosso país.
Neste contexto, juntar o Comboio Presidencial e a linha do Douro num mesmo projeto pareceu-me desde logo uma combinação maravilhosa, que ficou ainda mais especial ao serem adicionados os saberes e sabores do chef Chakall. Tudo somado, estavam reunidas as condições para uma experiência gastronómica inesquecível, numa viagem sensorial ao longo das paisagens únicas do Douro Vinhateiro. Que é como quem diz, segundo as palavras oficiais, “uma experiência imersiva a bordo de um verdadeiro museu sobre carris”. E é isso mesmo!
No dia da viagem, cheguei à estação de São Bento, na Baixa do Porto, com bastante antecedência. O Comboio Presidencial já estava estacionado na Linha 1, com os funcionários sorridentes e impecavelmente fardados no exterior da composição. Assim que entrei no comboio, ao som delicado de duas violinistas, deu para perceber que estava num meio de transporte de certa forma especial. Lá dentro, respirava-se um ambiente histórico e de requinte, e todos os pormenores me transportavam para uma outra época. Era o prenúncio de um dia memorável.
Para além das paisagens durienses, de que tanto gosto - tenho família no Douro e sou apaixonado pelas aldeias vinhateiras do Douro, uma das minhas regiões favoritas em todo o mundo -, posso garantir que boa parte do tempo que passei no comboio estive no vagão-restaurante. A conversar e a comer. O chef Chakall levou-me para uma viagem gastronómica pelos produtos portugueses, com reinterpretações de iguarias como a francesinha, um arroz de cabrito delicioso (e eu nem gosto de cabrito!), um tártaro de carne mirandesa e, surpresa das surpresas, uma sopa de castanhas e pato confitado tão saborosa quanto os vinhos da Taylor’s que pude provar ao longo de toda a viagem. Nada a apontar, até porque me pareceu um desafio sobre-humano cozinhar e empratar tudo o que foi servido durante a viagem na pequena cozinha de um comboio histórico em movimento. Foi maravilhoso.
Referência também para a paragem na Quinta de Vargellas, propriedade da Taylor’s, que se associou ao projeto para proporcionar aos viajantes uma experiência vinícola de excelência. E assim tive oportunidade de visitar uma propriedade com vistas deslumbrantes sobre o rio, a sua adega e os lagares, e ainda pude assistir à abertura a fogo de um delicioso Porto Vintage. Não menos importante, pude provar alguns dos vinhos mais emblemáticos ali produzidos com a assinatura da Taylor’s.
De regresso ao comboio, e quando tudo parecia ter terminado, ocorreu-me que, felizmente, ainda faltava fazer tudo de novo, em sentido inverso, e regressar ao Porto. E isso foi sinónimo de muito tempo para provar mais iguarias criadas pelas mãos do chef Chakall e seus convidados. Pela minha parte, não tenho nada a reclamar: comi muito bem ao longo de toda a viagem, que é de facto uma experiência gastronómica de alto nível, com a vantagem de ser a bordo de um comboio com história a circular por paisagens classificadas pela UNESCO. Uma viagem única, portanto. Estão todos convidados.
Veja mais detalhes sobre a experiência de viajar no Comboio Presidencial no blogue Alma de Viajante.
Veja aqui algumas imagens do registo fotográfico de Alma de Viajante, na viagem no Comboio Presidencial