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O sol apareceu sem medos e bate forte e quente. A ansiedade é grande. Pelas janelas do comboio corre uma brisa quente, um vento calmo que embala. As pessoas distribuem-se pelas carruagens e ocupam os seus lugares, enquanto aguardam ansiosamente pelo som de partida. São senhoras e senhores de leques improvisados nas mãos, de sorrisos no rosto, de olhares rasgados e atentos. Pequenos viajantes que se preparam para receber o Douro nas mãos. É aqui da Régua que o Comboio Histórico vai partir. Verdes, vales, o rio e as vinhas, qual terra que por nós chama e que na liberdade do olhar se eterniza e se faz nossa também.
Eu só pensava que pela janela o verde canta e que, por momentos, me sinto a dançar com o vento. Voltas e rodopios pelo alto, de lá para cá, por ali algures, nem sei bem, só a viver, a viajar. Neste lugar à janela, onde me encontro, viajo nos trilhos de um comboio que no tempo se encontrou e que, agora, mais que nunca, e tão perto de nós, se faz inteiro, se faz caminho.
“Eu passo uma vida alegre com a minha cantarinha. Ando de rua em rua a vender água fresquinha”. Já se ouvem os cantares tradicionais que saltam de carruagem em carruagem. E outro e mais um e ... “Oh ferreiro guarda a filha não a ponhas à janela ...”. O acordeão, a pandeireta e o tambor e as suas batidas ritmadas dão voltas nas cordas do cavaquinho. As vozes repetem os refrões que o tempo guardou, quadras que nunca se perdem, que duram vidas e vidas e que à terra pertencem. É também em música que a viagem se faz, onde a tradição não falta e onde toda região se dá a conhecer nos famosos Rebuçados da Régua, no Vinho do Porto que não pode faltar, nos trajes tradicionais e nas pessoas que enchem de alegria cada banco deste comboio.
Veja a fotorreportagem aqui.